quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Eu gosto de você - Artur da Távola

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GOSTO DE VOCÊ

Gosto de gente com a cabeça no lugar,
de conteúdo interno,
idealismo nos olhos
e dois pés no chão da realidade.

Gosto de gente que ri, chora,
se emociona com uma simples carta,
um telefonema,
uma canção suave,
um bom filme,
um bom livro,
um gesto de carinho,
um abraço,
um afago.

Gente que ama e curte saudades,
gosta de amigos,
cultiva flores,
ama os animais.

Admira paisagens,
poeira;
E escuta.

Gente que tem tempo para sorrir bondade,
semear perdão,
repartir ternuras,
compartilhar vivências
e dar espaço para as emoções dentro de si,
emoções que fluem naturalmente de dentro de seu ser!

Gente que gosta de fazer as coisas que gosta,
sem fugir de compromissos difíceis e inadiáveis,
por mais desgastantes que sejam.

Gente que colhe,
orienta,
se entende,
aconselha,
busca a verdade e
quer sempre aprender,
mesmo que seja de uma criança,
de um pobre,
de um analfabeto.

Gente de coração desarmado,
sem ódio e preconceitos baratos.
Com muito amor dentro de si.

Gente que erra e reconhece,
cai e se levanta,
apanha e assimila os golpes,
tirando lições dos erros
e fazendo redentora suas lágrimas e sofrimentos.

Gosto muito de gente assim...
E desconfio que é deste tipo de gente que Deus também gosta!

É por isso que eu gosto muito de você.

Arthur da Távola

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Cora Coralina para a Irene



Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.
Digo o que penso, com esperança.
Penso no que faço, com fé.
Faço o que devo fazer, com amor.
Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende!

Transcrevo aqui alguns poemas de Cora Coralina para homenagear minha amiga Irene Guimarães que segue minha construção da paz enriquecendo meu espaço com sua presença constante.
Irene paz a você! Taí, se delicie com Cora! 

Humildade



Humildade

Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.

Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.

Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.

Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.

Cora Coralina

Poeminha amoroso



POEMINHA AMOROSO

Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo..."

Cora Coralina

Coração é terra que ninguém vê 2



Coração é terra que ninguém vê
- diz o ditado.
Plantei, reguei, nada deu, não.
Terra de lagedo, de pedregulho,
- teu coração. Bati na porta de um coração.
Bati. Bati. Nada escutei.
Casa vazia. Porta fechada,
foi que encontrei...